quinta-feira, 28 de outubro de 2004

 

Inqualificável ridículo

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Como já se esperava, foram absolutamente clarificadoras as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa à Alta Autoridade para a Comunicação Social, a quem disse que o presidente da TVI, Miguel Paes do Amaral, lhe impôs um prazo para que repensasse o teor das suas intervenções nas edições de domingo do Jornal da Noite, já que era «inaceitável que houvesse uma informação e uma opinião sistematicamente anti-governamental na TVI; se isso era concebível num jornal não o era numa televisão».

Terá sido perante este ultimato que Marcelo Rebelo de Sousa decidiu abandonar a estação.

Ora, como é sabido, na origem de todo este processo estão as declarações do ministro Rui Gomes da Silva, primeiro, com as suas fantasiosas considerações sobre «coincidências objectivas» ou «cabalas involuntárias» e, depois, as ridículas declarações do ministro Morais Sarmento sobre os «limites à independência».

Esta atitude revela uma inqualificável indignidade política por parte de ambos os ministros. Como disse Marcelo, ela é não só «infeliz» como é também «uma ofensa à inteligência dos portuguesas».

E constitui a causa objectiva para o ambiente que actualmente se vive em Portugal: não só uma estranha sensação de incredulidade perante toda esta história mas, muito principalmente, face ao inqualificável ridículo de que os nossos governantes se vão cobrindo aos nossos olhos, dia após dia.

A reacção do primeiro-ministro Santana Lopes a toda esta infeliz situação – que o atinge e ao governo que chefia – bem como o “faz de conta que nada aconteceu” por parte da maioria parlamentar que o suporta, qualificam-nos inequívoca e suficientemente.

E, sem dúvida, qualificam-nos tanto política como pessoalmente.



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