quarta-feira, 15 de novembro de 2006

 

O Deus da Bíblia



A Bíblia é o livro sagrado de todos os cristãos.

Tanto, que o «Catecismo da Igreja Católica» lhe dedica uma inequívoca importância, e não se poupa a explicações quanto à sua natureza divina.
Por exemplo:

§81:
«A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus enquanto redigida sob a moção do Espírito Santo».
§121:
«O Antigo Testamento é uma parte indispensável da Sagrada Escritura. Os seus livros são divinamente inspirados e conservam um valor permanente, pois a Antiga Aliança nunca foi revogada».
§123:
«Os cristãos veneram o Antigo Testamento como verdadeira Palavra de Deus».
§105:
«Deus é o autor da Sagrada Escritura. As coisas divinamente reveladas, que se encerram por escrito e se manifestam na Sagrada Escritura, foram consignadas sob inspiração do Espírito Santo».
§106:
«Deus inspirou os autores humanos dos livros sagrados. Na redacção dos livros sagrados, Deus escolheu homens, dos quais se serviu fazendo-os usar suas próprias faculdades e capacidades, a fim de que, agindo ele próprio neles e por meio deles, escrevessem, como verdadeiros autores, tudo e só aquilo que ele próprio queria».
§138:
«A Igreja recebe e venera como inspirados os 46 livros do Antigo e os 27 livros do Novo Testamento».


E pronto!
Agora conhecemos sem sombra de dúvida e compreendemos perfeitamente o que é a Bíblia:
- É a palavra de Deus, dita aos Homens pelo próprio Deus!

Assim sendo, talvez fosse interessante saber o que diz a Bíblia para, do mesmo modo, procurarmos também conhecer e compreender quem é esse Deus.
Vejamos então alguns exemplos ao acaso:

- Quando um homem se deitar com outro homem, devem ser mortos os dois (Levítico, 20:13);
- Se uma mulher usar roupa de homem, ou um homem usar roupa de mulher, isso é uma «abominação perante Deus» (Deuteronómio, 22:5):
- «Os homossexuais (os varões que se inflamaram na sua sexualidade uns com os outros)... são dignos de morte» (Romanos, 1, 27-32);
- «E viu o Senhor a maldade do homem... Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra...» e então, salvando apenas Noé e quem lá ia na sua arca, Deus lá matou todos os homens, mulheres, crianças e animais que havia sobre a face da terra. (Génesis, 6:5-21);
- «Feriu, porém o Senhor o faraó com grandes pragas» (Génesis, 12:17); e com o cadastro que já tinha, aproveitou e matou todos os filhos primogénitos, independentemente das suas idades, e não só de homens mas também de animais, que havia por todo o Egipto (Êxodo, 12:29 e Números, 33:4);
- Se alguém matar um escravo à paulada, mas o desgraçado não morrer logo e ainda «ficar vivo por um ou dois dias, não será castigado, porque é o seu dinheiro» (Êxodo, 21:21-22);
- «Mas se houver morte, então darás vida por vida. Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé» (Êxodo, 21:23-24);
- Se alguém roubar e não puder restituir o que roubou, será vendido como escravo (Êxodo, 22:3);
- «A feiticeira não deixarás viver» (Êxodo, 22:18);
- «Também o homem que adulterar com a mulher de outro... certamente morrerá o adúltero e a adúltera» (Levítico, 20:10);
- «E quando a filha de um sacerdote se prostituir, profana a seu pai; com fogo será queimada» (Levítico, 21:9);
- «E aquele que blasfemar o nome do Senhor, certamente morrerá; toda a congregação certamente o apedrejará» (Levítico, 24:16);
- «Estando, pois, os filhos de Israel no deserto, acharam um homem apanhando lenha num dia de sábado. Então toda a congregação o tirou para fora do arraial, e com pedras o apedrejaram, e morreu, como o Senhor ordenara a Moisés» (Números, 15:32-36);
- Se uma moça virgem for violada por um homem, devem ser os dois apedrejados até à morte. O homem porque humilhou a mulher do seu próximo; «a moça porquanto não gritou». (Deuteronómio, 22:23);
- «Minha é a vingança» (Deuteronómio, 32:35);
- «Pecando o homem contra homem, os juizes o julgarão; pecando, porém, o homem contra o Senhor, quem rogará por ele? Mas não ouviram a voz do seu pai, porque o Senhor os queria matar» (I Samuel, 2:25);
- «E feriu o Senhor os homens de Beth-semes, porquanto olharam para dentro da arca do Senhor, até ferir do povo 50.070 homens: então o povo se entristeceu, porquanto o Senhor fizera tão grande estrago entre o povo» (I Samuel, 6:19);
- «Se eu, pois, sou , homem de Deus, desça fogo do céu, e te consuma a ti e aos teus cinquenta. Então fogo desceu do céu, e o consumiu a ele e aos seus cinquenta» (II Reis, 1:10);
- «Porque a minha espada se embriagou nos Céus» (Isaías, 34:5);
- «Então saiu o anjo do Senhor, e feriu, no arraial dos assírios, a cento e oitenta e cinco mil; e, quando se levantaram pela manhã cedo, eis que eram corpos mortos» (Isaías, 37:36);
- «... assim diz o Senhor, o Deus dos exércitos...» (Jeremias, 5:13);
- «E escolher-se-á antes a morte do que a vida, de todo o resto dos que restarem desta raça maligna, que ficar nos lugares onde os lancei, diz o Senhor dos Exércitos» (Jeremias, 8:3);
- «Pelo que assim diz o Senhor: eis que te lançarei de sobre a face da terra, este ano morrerás, porque falaste em rebeldia contra o Senhor» (Jeremias, 28:16);
- «Porque este dia é o dia do Senhor Jeová dos Exércitos, dia de vingança para se vingar dos seus adversários: e a espada devorará e fartar-se-á e embriagar-se-á com o sangue deles» (Jeremias, 46:10).


É este, pois, o Deus da Bíblia!
É um Deus homofóbico, que decreta a morte das pessoas em razão da sua orientação sexual; é um Deus tarado sexual; é um Deus egocentrista, hipócrita e egoísta, que não tolera, sob pena de morte, que os homens venerem outros deuses; é um Deus com um complexo de inferioridade tão grande que não pode deixar de matar quem blasfeme contra si; é um Deus tão mesquinho que gosta que lhe façam sacrifícios em altares; é um Deus vingativo; é um Deus de ódio; é um Deus racista; é um assassino em série, que ora é capaz de dizimar todos os seres vivos do planeta, por ser tão estúpido que é incapaz de reconhecer a imperfeição da sua própria obra, ora é capaz de matar os filhos primogénitos de todo um país; é um Deus tão misógino, que não suporta sequer a ideia de que uma mulher, que considera um ser de segunda categoria, possa ter sido violada sem ter de ser apedrejada até à morte; é um Deus de crendices infantis, mas também de superstições primitivas e bárbaras, que acredita que há mulheres feiticeiras e as manda imolar pelo fogo; é um Deus que admite a escravatura com naturalidade e sobrevaloriza o dinheiro em relação aos homens; é um Deus para quem o dogma do dia de descanso tem mais importância que uma vida humana.
É, numa palavra, um Deus de MORTE.

Mas é também um Deus que se alimenta de rezas e ladaínhas, de súplicas infames repetidas vezes e vezes sem conta, até à exaustão, sempre de um modo convenientemente suplicante, de joelhos e de cabeça baixa, e num tom babado de um abjecto auto-amesquinhamento, de quem não tem a coragem suficiente para enfrentar a sua própria morte e que, sem sequer ter a noção de que vende a sua própria dignidade humana, troca glorificações imbecis, abstinência sexual e às vezes auto-flagelações, pela ilusão de um lugar num Paraíso.

É este, pois, o Deus católico!




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