sexta-feira, 9 de março de 2007

 

O Anticristo: pacifista, ecologista e ecuménico



É já tradição olhar para o prelado escolhido para conduzir o retiro da Quaresma no Vaticano para prever as modas políticas emanadas de Roma.

Como nota Rocco Palmo, o perito no Vaticano do semanário católico The Tablet, «Desde tempos imemoriais (...) que a escolha do prelado tem sido um indicador dos ventos prevalecentes nos apartamentos papais» relembrando que quer Joseph Ratzinger quer Karol Wojtyla foram escolhidos para dirigir o retiro.

Assim sendo, a escolha de Bento XVI é no mínimo preocupante. De facto, o pregador dos exercícios espirituais da Quaresma, o cardeal Giacomo Biffi, arcebispo de Bolonha de 1984 a 2003, é no mínimo um personagem ...er... desajustado.
O arcebispo, conhecido pela sua fixação com os muçulmanos e com o Anticristo, que assevera já andar entre nós, publicou em 2005 um livro sobre este último mito, «Pinocchio, Peppone, l’Anticristo e altre divagazioni», com referências profusas a um filósofo e poeta russo, que viveu entre 1853 e 1900, Vladimir S. Soloviev.

Autor a que recorreu na sua admoestação à cúria da Quaresma, «a advertência profética de Vladimir S. Soloviev» em que avisa que «o anticristo se apresenta como pacifista, ecologista e ecuménico».

O eleito por Bento XVI para a pregação da Quaresma, que advertiu a Cúria contra os perigos do ecumenismo, uma artimanha do dito anticristo para destruir o cristianismo, explicou na capela Redemptoris Mater do Palácio Apostólico do Vaticano, que é preciso estar atento na luta contra o relativismo.
Nomeadamente denunciando «valores relativos, como a solidariedade, o amor pela paz e o respeito pela natureza» que instigam à «idolatria» e põem «obstáculos no caminho da salvação».

As advertências de Biffi's ecoam as reflexões de Bento XVI expressas no Outono passado num encontro com os bispos suiços, em que o Papa advertiu os presentes contra a nova falsa religião, um conjunto de falsos temas morais como sejam «a paz, a não violência, justiça para todos, preocupação com os pobres e respeito pela Natureza».

Aliás, a denúncia de preocupações com o ambiente como sendo manifestações satânicas destinadas a desviar as atenções da «verdade absoluta», os delírios neolíticos conhecidos como Evangelhos, não é exclusiva dos fundamentalistas católicos.
De facto, Jerry Falwell, o fundador da Moral Majority que conseguiu trazer para a ribalta da política norte-americana teocratas sortidos, denunciou os servos do Demo disfarçados de ecologistas que aldrabam bons evangélicos com a história do aquecimento global, «a maior fraude na história da ciência».

Falwell, que acredita que a única «ciência» séria está inscrita na Bíblia, cita o Salmo 24:1-2 e Genesis 8:22, «Enquanto a terra durar, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite» para afirmar que apenas «pseudo-cientistas» e inimigos dos Estados Unidos promovem este alarmismo «ateu»...

Para além dos cientistas, equivalentes a terroristas no léxico papal, ficamos assim a saber quais são os grandes inimigos da fé segundo Bento XVI: os que têm pretensões satânicas de justiça social, os pacifistas e os ecologistas.
É sempre bom saber quais serão os novos «pecados» e os novos «inimigos» para a Igreja de Roma e para os cristãos...

- Um artigo de Palmira F. da Silva



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