quinta-feira, 24 de maio de 2007

 

O Culto da Irresponsabilidade



Segundo o «Jornal de Notícias», a partir de agora as «provas de aferição» dos 1º e 2º ciclos deixam de ser feitas por amostragem e passam a abranger todos os alunos, tanto do ensino público como do privado, e os resultados serão todos afixados, tal como acontece com os exames nacionais.

Neste interminável confronto entre os professores e o Ministério da Educação, com mútuas e ácidas acusações, ora de arrogância, ora de cegueira corporativa, o que é facto é que todos os professores (muito honesta e responsavelmente, aliás), admitem que há nos projectos da ministra da Educação muitas coisas com que concordam e que acham extremamente positivas.

Mas então, de que é que os professores afinal se queixam e discordam, e que raio de políticas da ministra é que não estão dispostos a aceitar, pelo menos pacificamente?

Pois bem.
Para ver se nos entendemos, vejamos então o que pensam ambas as partes, o Ministério da Educação e os professores a este propósito das «provas de aferição»:

Entende o Ministério da Educação que a provas de aferição constituem «o meio mais adequado para avaliar a qualidade do currículo nacional e a prestação das escolas nos dois primeiros ciclos de escolaridade».
Por isso o Ministério vai exigir às escolas um «relatório de avaliação» de acordo com os resultados obtidos, para «verificar a qualidade das aprendizagens, a adequação dos programas e a conformidade das práticas pedagógicas».

Mas então, e o que entendem os professores sobre isto?
A resposta afinal é surpreendentemente simples: finalmente a FENPROF, a Federação Nacional dos Professores, respondeu de uma vez por todas a estas questões.

Com efeito, através desta sua competente organização sindical, todos os professores portugueses deixaram já claro a todo o país o seu protesto, e afirmaram já sem margem para dúvidas que são absolutamente contrários a esta generalização das provas de aferição, cujo processo, acusam, está a criar nas escolas um «clima de perturbação».

E o motivo é uma vez mais muito simples: porque, para a FENPROF, a ministra não pretende nada mais nada menos do que «alijar as responsabilidades do ministério» caso os resultados das provas sejam fracos.
E isto é, obviamente, inadmissível.

E sem papas na língua a FENPROF ainda afirma, desassombradamente e preto no branco:
«O Ministério de Maria de Lurdes Rodrigues pretende que as referidas provas sejam mais um mecanismo de avaliação e responsabilização das escolas e dos professores, caso as classificações dos alunos venham a ser baixas».
E por isso, e como não podia deixar de ser, a FENPROF é contra!

Ou seja:
Se os professores não têm qualquer problema em admitir que concordam com a oportunidade e com a justeza de muitas das políticas do Ministério da Educação, ficámos agora também a saber, e de uma vez por todas, quais são as políticas ministeriais a que os professores portugueses se opõem e que não estão de forma alguma dispostos a aceitar.

De facto, e se dúvidas houvesse, através da FENPROF ficámos de uma vez por todas a saber que os professores portugueses são terminantemente contra todas as medidas do Ministério da Educação que, por qualquer forma, constituam um... «mecanismo de avaliação e responsabilização das escolas e dos professores».


- Senhora ministra: por favor, não desista!




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