quarta-feira, 20 de junho de 2007

 

God is Not Great: How Religion Poisons Everything



Descobri ontem à venda na FNAC o último livro de Christopher Hitchens (ainda a versão em inglês) e que tem estado a vender como pãezinhos quentes por esse mundo fora, e cujo título não podia ser mais sugestivo:
«God is Not Great: How Religion Poisons Everything».

Como ainda não tive tempo de o ler (alguém tem de trabalhar neste país) decidi roubar e traduzir com alguma liberdade dois ou três pequenos excertos da crítica (nem sempre favorável) que Sam Schulman faz ao livro:

«São as próprias características da origem humana dos dogmas religiosos que desmentem a divindade de Jesus Cristo, de quem Hitchens até duvida que fosse uma personagem única, pois é sabido que havia inúmeros profetas igualmente alucinados que percorriam a Palestina naquele tempo.
Simplesmente Jesus Cristo era um caso especial pois, ao que consta, ele próprio começou a acreditar, pelo menos durante algum tempo, que era Deus ou o filho de Deus.

Christopher Hitchens cita C. S. Lewis, o mais acérrimo apologista do cristianismo da actualidade, que no seu livro «Mere Christianity» defende que Jesus ou deve ter sido mesmo o filho de Deus ou, pelo contrário, terá sido «um doido varrido e sem qualquer interesse».
É então que Hitchens passa ao ataque:
«Tenho de reconhecer a coragem e a honestidade de Lewis, porque, de facto, ou os evangelhos correspondem, de alguma forma, a uma verdade literal ou, pelo contrário, tudo aquilo não passa de uma fraude. Bem, o que é verdade é que se alguma coisa se pode afirmar com toda a certeza, e até com as provas por eles próprios fornecidas, é que os evangelhos podem ter tudo menos uma correspondência com uma verdade literal...».

Hitchens põe mesmo em causa que o Islão seja uma religião diferente ou até que se oponha ao judaísmo ou ao cristianismo, de que não é mais do que uma cópia adaptada.

Mas é precisamente por causa desta falta de originalidade que Hitchens considera que o Islão é precisamente a mais pura forma de religião e, por isso, a prova inequívoca do quanto de mal pode advir de qualquer das crenças religiosas, quaisquer que elas sejam.
Na verdade, quando no nosso decadente mundo ocidental muitas religiões nos aparecem agora a pregar a pureza e a liberdade, é o Islão quem nos recorda a verdade inquestionável que é a forma bárbara como essas religiões se comportaram quando tinham poder. E, por isso, nos demonstra a necessidade de nos libertarmos de todas e quaisquer formas de pregação, isto se alguma vez nos quisermos aperceber do quanto as virtudes humanas são auto-suficientes e que não derivam das religiões: precedem-nas!».

*
Christopher Hitchens, que define a Madre Teresa de Calcutá e a fama que se gerou à sua volta como «a mais bem sucedida aldrabice emocional do século vinte»,
explica-nos neste filme (clicar sobre a imagem ao lado) ->

onde podemos ver uma pequena entrevista que concedeu a George Stroumboulopoulos, que o seu livro nos fala da escolha entre a civilização e a religião, e de como os teocratas e os religiosos fanáticos são, de facto, os verdadeiros inimigos da civilização.

E de como temos tomado o secularismo das sociedades como um valor certo e garantido, e de que pensamos que as pessoas religiosas não querem mais do que ir à Igreja e que, depois, nos deixariam em paz.
Só que agora não é mais possível termos a certeza disso, e que «o limite foi ultrapassado» depois de o poder político ter passado a intervir activamente nas escolhas individuais das pessoas impondo-lhes a escolha de uma moral oficial, ou depois de se ter passado a pretender instituir o estudo do criacionismo nas escolas oficiais.

À pergunta sobre se é possível separar a religião da moral e se, caso não houvesse religião, onde iriam as pessoas buscar os seus valores morais, Christopher Hitchens responde:

«A própria pergunta é insultuosa para toda a gente se pensarmos que só será possível agirmos correctamente se acreditarmos numa “ditadura celestial”, que ora nos impõe um castigo horrível ora nos oferece uma recompensa divina.
«Todos nós sabemos como agir correctamente mesmo sem estarmos sujeitos a essa forma de chantagem.
«Quando alegam que não se pode separar a moral da religião, o que parece é que são até os próprios cristãos que se estão a revelar a si próprios e que nos estão a verdadeiramente a dizer que poderiam não saber só por si como agir correctamente, e que poderiam até ser violadores ou ladrões se não fosse por causa de Jesus Cristo...».




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