quarta-feira, 2 de abril de 2008

 

A Cura Pela Fé



A notícia tem já algum tempo, mas relata agora o «Guardian» que Carl and Raylene Worthington, seguidores de uma religião fundamentalista cristã que defende a «cura pela fé» em detrimento da medicina convencional, foram finalmente acusados de homicídio da sua filha Ava, de 15 meses de idade, que morreu de uma infecção perfeitamente curável porque os seus pais resolveram «tratá-la» unicamente através da oração.

E que, como não podia deixar de ser, atribuem agora a «falta de uma fé suficientemente forte» como causa da morte da filha.

Talvez este exemplo, que paradoxalmente provém de uma América cada vez mais fanática e dominada pela idiota irracionalidade da fé, devesse ser seguido em todos os países do mundo, incluindo em Portugal.

De facto, outra coisa que não uma pesada pena de prisão deveriam merecer os pais que, para além de fanatizarem os seus filhos com histórias de fadas e de terror e princípios de vida e de duvidosa moralidade inventados por pastores atrasados mentais na Idade do Bronze, ainda decidem tratá-los através do recurso a baboseiras imbecis impingidas por autênticos burlões que enriquecem como nababos à custa da credulidade, da ingenuidade e do cretino fanatismo de tanta gente.

Também já em Portugal proliferam a olhos vistos e podem ver-se já a cada esquina estabelecimentos onde se impingem aos incautos tratamentos de homeopatia, acupunctura, quiropatia, osteopatia, fitoterapia e outras aldrabices deste género.
Há até uma nova moda e muito curiosa idiotia chamada «medicina tradicional chinesa», que as pessoas engolem de olhos fechados, somente porque acham que as expressões «tradicional» e «chinesa» e até uma alegada «antiguidade milenar» lhe conferem a necessária credibilidade para porem em risco a sua saúde e a dos seus filhos.

Assiste-se mesmo a uma recente moda de alguns pais que se acham mais inteligentes que os outros e decidem não vacinar os filhos, preferindo antes encharcá-los em mezinhas e pozinhos e outros produtos muito «naturais» que compram em ervanárias ou em «para-farmácias» e que provêm ninguém sabe bem de onde.

Mesmo a propósito, a venda de uma dessas aldrabices, de nome «Depuralina», acabou de ser proibida pela Direcção Geral de Saúde depois de se constatarem três casos de graves consequências para a saúde de pessoas que estavam a tomar aquela porcaria, obviamente contra a ofendida indignação de autênticas associações de malfeitores que dão pelo nome de «Associação Portuguesa de Naturopatia» ou «Associação Portuguesa de Alimentação Racional e Dietética».

Quantas pessoas – quantas crianças – será preciso que ainda morram para que alguém faça alguma coisa contra estes aldrabões?




<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com