terça-feira, 9 de dezembro de 2008

 

Os comunistas que temos



O jornalista cubano Ricardo Gonzalez Alfonso foi escolhido pelo júri dos «Repórteres Sem fronteiras» como o “Jornalista do Ano 2008”, como reconhecimento pelos seus esforços pela sobrevivência de uma imprensa livre em Cuba.

Ricardo González, que foi preso em 2003 juntamente com outros 26 jornalistas dissidentes, foi condenado a 20 anos de cadeia acusado de atentado à independência e à integridade territorial cubana.

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O prémio «Media 2008» foi concedido pelo júri dos «Repórteres Sem fronteiras» aos jornalistas norte-coreanos da “Radio Free NK”, como recompensa pela sua coragem e determinação na denúncia das atrocidades do regime “necrocrático” de Kim Jong Il, apesar das constantes perseguições e ameaças de morte, que só não têm sido concretizadas graças à permanente protecção das autoridades da Coreia do Sul.

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É inegável o significado político – e também humano – da atribuição destes prémios, que chamam inequivocamente a atenção para os regimes ditatoriais e torcionários que ainda vão permanecendo um pouco por esse mundo fora.

E é precisamente a propósito desse significado político e humanista que interessará conhecer as posições dos partidos políticos portugueses a propósito dos regimes de Cuba e da Coreia do Norte, destacados agora por estes prémios dos «Repórteres Sem fronteiras».

Vejamos então qual a posição política do Partido Comunista Português, revelada oficialmente nas «teses» – que foram até aprovadas por unanimidade – no seu Congresso de há escassos 8 dias.

A mais actual posição oficial do P.C.P. é pois a seguinte:

«…em Cuba… na República Democrática Popular da Coreia… prosseguem batalhas decisivas para o futuro desses povos e para a estabilidade nas respectivas regiões que merecem a activa solidariedade dos comunistas portugueses».
«A solidariedade com Cuba socialista é um imperativo de todas as forças revolucionárias e amantes da paz».

«…papel de resistência à «nova ordem» imperialista, são os países que definem como orientação e objectivo a construção duma sociedade socialista – Cuba, China, Vietname, Laos e República Democrática Popular da Coreia».

Imaginemos.
Imaginemos então que o Partido Comunista Português conquistava o poder em Portugal e passava a determinar a vida e os destinos políticos do nosso país.

Não me refiro agora às tácticas de persistente desgaste partidário da Fenprof, às aldrabices utilizadas como oposição às reformas laborais ou sequer às longas greves de mera oportunidade política de oposição à contratação privada de serviços camarários de recolha de lixo.

Falo da política que é globalmente defendida pelos comunistas portugueses, no que se refere ao sistema político e macroeconómico em geral e, muito principalmente, aos direitos fundamentais dos cidadãos e ao seu direito à Democracia, à liberdade de expressão e a todos os direitos fundamentais que estão actualmente consagrados na Constituição da República Portuguesa.

Então, pelo que vemos defendido tão claramente pelo próprio P.C.P. e adoptado – por unanimidade – como princípios básicos da política que os comunistas preconizariam para Portugal se fossem poder, nem é preciso muita imaginação para vermos em que espécie de regime Portugal se transformaria.

Basta olharmos para o que se passa em Cuba ou na Coreia do Norte a quem o P.C.P. atribui «um papel de resistência à “nova ordem” imperialista» e que tanto merecem «a activa solidariedade dos comunistas portugueses».

O que é surpreendente é haver na Europa do século XXI quem defenda um regime belicista e alucinado que na prática ultrapassa de longe a própria imaginação de George Orwell, como é o regime da Coreia do Norte, cujo presidente «vitalício» e oficialmente deificado é ainda Kim Il Sung, apesar de ter morrido há mais de uma década.

Surpreendente ainda, é alguém ser capaz de olhar para a foto de Ricardo Gonzalez Alfonso o repórter cubano condenado a 20 anos de cadeia por delito de opinião e, ainda assim, ter coragem suficiente para preconizar para Portugal um regime político como o de Cuba.

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Assim, e após esta brilhante clarificação das suas «teses» aprovadas por unanimidade no seu Congresso, quando na próxima campanha eleitoral vir um dos meus concidadãos a empunhar uma bandeira da U.R.S.S. e a apelar ao voto no P.C.P., ao olhar então para a foto de Ricardo Gonzalez Alfonso já me será muito mais fácil imaginar qual o destino que me estaria pessoalmente reservado se em Portugal o poder político estivesse entregue ao Partido Comunista Português.




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