sexta-feira, 26 de junho de 2009

 

A discussão sobre o TGV é estúpida





A discussão sobre o TGV é estúpida.

É uma discussão estúpida se for uma discussão económica:
Em todo o mundo assistimos a Governos a injectarem massa monetária em circulação para dinamizarem a economia e afastarem o espectro de uma deflação que ainda paira sobre todos nós. A dinamização das obras públicas é sem dúvida a melhor forma que foi inventada para o fazer.
Para além disso, a redução de um empreendimento desta dimensão a uma mera questão de contabilidade financeira esquece coisas que não têm um preço, como a vida humana ou a protecção do ambiente.
E despreza prioridades que só a política pode estabelecer.


E é uma discussão estúpida se for uma discussão política:
Não só porque os compromissos internacionais estão há muito já assumidos – o que torna a conversa estéril – como ninguém pode discordar que Portugal não se pode conformar com a sua natureza periférica e dar-se ao luxo de se isolar da Espanha e do resto da Europa.
A competitividade de um país encostado ao canto de um continente, muito mais se queremos aprofundar uma vocação turística, está inevitavelmente dependente das suas condições de acessibilidade.
Para além disso, estão em causa fundos europeus que não se podem desprezar (e até devolver) e em época de tão profunda recessão só as parcerias público-privadas podem gerar emprego em números significativos.

A questão é mais simples, convenhamos:
Quem brama contra o TGV mais não está a fazer do que a apelar ao mais mesquinho espírito do portuguesinho pequenino e sovina, herdeiro emérito do camoniano Velho do Restelo e de uma mentalidade salazarenta e provinciana de quem prefere guardar uns tostões debaixo do colchão a arriscar uma evolução, seja ela qual for, e a quem as «grandes obras» antes de mais assustam na inércia da sua mediocridade.

Com que objectivo?
Também é simples: para obter os ganhos meramente partidários da reserva estratégica de um nicho de mercado eleitoral, que em horas difíceis está sempre à disposição dos políticos mais tacanhos.

E a quem esses políticos recorrem sempre que é preciso, nem que para isso sacrifiquem na fogueira da honestidade política, e até mesmo pessoal, essa coisa que para eles é, pelos vistos, tão pequenina e sem qualquer significado e que se chama… interesse nacional.




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