segunda-feira, 9 de novembro de 2009

 

A democracia do KGB



Faz 20 anos.
A queda do Muro de Berlim foi certamente o acontecimento histórico mais importante e significativo da segunda metade do século XX.

Não foi isso, como é óbvio, que de um dia para o outro transformou este planeta num mundo perfeito.
Mas ao menos significou um importantíssimo passo para um mundo bem melhor.
No mínimo, significou o fim do KGB ou da Stasi, da colonização das repúblicas bálticas, dos Gulags, da invasão da Hungria em 1956 e da Checoslováquia em 1968, de deportações massivas e do fim dos hospitais psiquiátricos para os opositores ao regime.

Significou também um desanuviamento mundial, principalmente nos países da esfera soviética, e o princípio do fim de um equilíbrio nuclear baseado no terror.
Quem sabe se as descolonizações africanas não teriam sido bem diferentes e menos sangrentas se o Império Soviético tivesse caído 20 anos mais cedo.

Mas o mais chocante é ainda haver quem defenda este regime totalitário, desumano e sanguinário e o considere o exemplo fundamental daquilo que elege como a sua filosofia e ética políticas.

É o caso do Partido Comunista Português.
Pela voz de Jerónimo de Sousa, o seu secretário-geral, ficámos a saber que para os comunistas o fim do KGB, dos campos de concentração e de todo um povo que vivia amordaçado significam que vivemos agora num mundo «menos democrático».

Sabemos que os comunistas não ficam por aqui: caído o putrefacto paraíso, o «Sol da Terra» que era a União Soviética, os comunistas elegem também como referência ideológica a China, Cuba, a Coreia do Norte e até, pasme-se, a tenebrosa guerrilha narcotráfica das FARC.

Estive este verão na China e na Praça de Tiananmen.
Sobre as pedras daquela praça ferozmente vigiada por soldados armados até aos dentes, ouvi no Iphone o «Amused to Death» do Roger Waters e comovi-me a pensar na jovem que o mundo viu morrer na televisão. E como a música pedia, ali mesmo derramei uma lágrima por aquela «yellow rose, in her bloodstained clothes».

Se pensarmos nos sonhos que ali foram desfeitos num autêntico banho de sangue, nos jovens que naquela praça morreram pelo ideal da democracia, é chocante e até profundamente revoltante saber que ainda há gente que elege esta barbárie como referência política e ideológica.

O comunismo já não é nem uma ideologia nem uma política:
- Não é mais do que a irracionalidade de uma autêntica religião!




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